segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Intestinos do Brasil

Um mergulho aos intestinos do Brasil ou às entranhas do poder brasileiro.
Na semana que passou, talvez pela histórica eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, um fato de extrema relevância não teve o destaque que merece.

O banqueiro Daniel Dantas teve o mérito de seu habeas-corpus julgado pela mais alta corte judiciária deste país, o Supremo Tribunal Federal (STF). E o remédio constitucional, habeas-corpus, foi mantido ao paciente Daniel Dantas por 9 votos a 1. Assim, Daniel Dantas poderá responder às diversas acusações criminosas que pesam contra si em liberdade.

Mas não é exatamente com o resultado do julgamento que me refiro ao dizer que a imprensa não deu o destaque merecido. Mas sim com as circunstâncias que permearam o julgamento realizado na quarta-feira (06/11/2008). Circunstâncias que felizmente foram expostas, em alguns aspectos com exclusividade, pelo brilhante jornalista Bob Fernandes no Terra Magazine, jornal eletrônico de muita qualidade e credibilidade dirigido pelo jornalista acima.

O que se vê na matéria assinada por Bob Fernandes é impressionante e desalentador. Mostra a que níveis o mais alto poder deste país esta intrinsecamente, e perigosamente, ligado. O que se noticia é de extrema importância à sociedade brasileira e deveria ser mais amplamente divulgado não só pela mídia impressa como pela showprensa, mais conhecida como televisão. Não importa se o furo ou a exclusividade é deste ou daquele jornalista. Que se dê o crédito da notícia a quem de direito, mas, mais importante, que se divulgue amplamente o que é de interesse público. Coisa que quando lhe é de interesse particular ou de um determinado grupo da sociedade, alguns setores da mídia não só divulgam amplamente como fazem estardalhaço ou chegam a ser até irresponsáveis.

Pois bem, ao que o jornalista ironicamente chama de “coincidências”, eu chamo de corrupção, abuso de poder, intimidação do exercício da investigação policial... Há tantos adjetivos, todos maledicentes.

E, mais uma vez, o que espanta nem é o resultado do julgamento, que culminou com a liberdade de Daniel Dantas até que haja sentença transitada em julgado, ou seja, sentença final sem possibilidade de recurso. Até porque, como bem diz Bob Fernandes: “Como sabe qualquer calouro de Direito, um julgamento desse porte é, será sempre, acima de tudo político, uma vez que argumentos jurídicos para prender ou soltar sempre existirão. Aos magotes”. Perfeito.

O que espanta, por outro lado, é a ausência do ministro Joaquim Barbosa, o único ministro do STF claramente contrário à concessão do habeas-corpus, o envolvimento do juiz Ali Mazloum, fortemente envolvido em casos de corrupção no judiciário, como evidenciou a operação Anaconda, e posteriormente absolvido pelo mesmo STF, na expedição dos mandados de busca na casa e no hotel do delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz...

Enfim, são muitos os atos estarrecedores que cercaram o julgamento desta quarta-feira e que cercam o caso Daniel Dantas, batizado de Operação Satiagraha pela polícia federal e brilhantemente caracterizado por Bob Fernandes como um mergulho aos intestinos do Brasil ou às entranhas do poder brasileiro.

Peço desculpas pelo tamanho do texto pois na verdade não há como substituir a brilhante matéria publicada no Terra Magazine. Para tanto, postarei o link da matéria abaixo. Leiam. Realmente vale a pena. Não será, em hipótese alguma, perda de tempo. Só assim se terá a real idéia das sórdidas relações de poder que envolve políticos, judiciário, polícia, entre outros.

Por fim, como disse, repito. Para quem acompanhou minimamente a operação Anaconda, o simples envolvimento do juiz Ali Mazloum neste caso em voga é desfaçatez, cara de pau, um tremendo absurdo.

Terra magazine

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